Meu filho esta de dieta

Vitor esta me dando o maior baile, não quer comer nada, levei carão no pediatra, ele disse que apesar das minhas queixas o peso do Vitor esta na curva acima da media. Já tentei de tudo,  hambúrguer com carinha, arroz colorido, batata com sorriso, lanchinho Ana Maria, leitinho fermentado. Ele come por fases, então numa semana aceita somente macarrão branquinho sem molho, na outra batata com ketchup e assim vamos na maior briga. Felizmente ele não tem recusado o leite, ao qual adiciono Sustagen pra reforçar. Dr. Tal me falou pra não substituir os alimentos por leite e principalmente não ficar oferecendo guloseimas, mas não consigo,  se ele não come nada, vai ficar fraquinho, e eu não vou deixar ele ficar com fome. Já pedi pro pediatra umas vitaminas pra abrir o apetite, e acabei levando mais uma bronca. Ele pediu um diário da alimentação do Vitor e vamos conversar sobre esta minha dificuldade na próxima consulta.

 Esta situação não é incomum, por volta dos 2 anos de idade, algumas crianças recusam a dieta e dão uma verdadeira canseira nos pais. Afastando-se o problemas médicos, os pais não devem se dobrar as vontades dos filhos nem procurar medicações que aumentem o apetite. Um cardápio diferente com a utilização de alimentos variados, sabores diferentes, escolhas coloridas, podem ajudar. É também interessante tentar envolver a criança na escolha e manipulação dos alimentos.  So porque ele recusou a verdura hoje não significa que ela tem que ser banida do menu. Mantenha a oferta, mesmo que em pequenas porções ou mude a forma de apresentação. E apesar da sujeira, deixe a criança mexer com os alimentos, esta interação pode resultar em uma relação mais relaxada com os alimentos.  

Geralmente em crianças saudáveis, a oferta de vitaminas e outros suplementos presentes na alimentação é suficiente. Desta forma, os pais devem ser incentivados a oferecer uma variedade de alimentos que venham suprir a necessidade básica de vitaminas. A indicação da suplementação vitamínica deve-se basear na condição da criança quando portadora de alguma doença onde detecta-se ou suspeita-se fortemente de carência vitamínica. Não se pode esquecer também que o excesso de vitaminas pode fazer mal, e que atualmente, vários alimentos  (paes, farinhas, achocolatados entre outros) já vem suplementados principalmente de vitamina A, folato e zinco.

Foi numa fria tarde de junho que Vitor chegou ao mundo. A gravidez foi de um modo geral tranqüila, com acesso a um pré natal de qualidade, recebi as orientações  sobre os exames necessários, o que comer, o que evitar, os exercícios, nada de álcool, tudo pra que meu bebe viesse ao mundo saudável. Primeira gravidez, muitas expectativas e medos, que foram se dissolvendo com o passar dos dias. Ele chegou um pouquinho antes da hora, de cesárea, que definitivamente não fazia parte dos meus planos, mas tudo bem; veio vigoroso e forte. Nascido duas semanas antes do previsto e com peso de 2460g, era o mais magrinho dos bebes no berçário. Assim que saí da recuperação anestésica, solicitei que o levassem pro quarto comigo, em esquema de alojamento conjunto. O parto normal não rolou, ficou pra outra gravidez talvez, mas a amamentação era um dos planos que eu não queria abrir mão. Com a ajuda do pai, Vitor foi colocado ao seio e sugou bem um peito sem leite. Meu filho chegou ao mundo com fome! Fiquei  preocupada, afinal ele era um bebe pequeno, mas fui orientada na maternidade que a descida do leite é esperada para 2 a 3 dias após o parto. Vitor faria a sua parte, a sucção é responsável por desencadear uma série de reações que avisam o corpo da mãe sobre a necessidade de produzir o leite, um estímulo importante para lactação. E mesmo que o peito não estivesse cheio, a produção do colostro daria conta das primeiras necessidades. 
Colostro é  o primeiro leite produzido após o parto (18-24 horas). De aspecto claro e rico em proteínas, Sódio, Potássio e anticorpos. Tem menos teor de gordura e lactose que o leite  maduro. Possui ação laxativa, facilitando a eliminação de mecônio (primeiras fezes), ajudando a evitar a icterícia

Trata-se de uma historia fictícia, em parte baseada na minha experiência como mãe, como tia e principalmente como pediatra. Uma historia muito comum, onde percebe-se a angustia materna em suprir de forma adequada as necessidades alimentares de seus filhos. Pra discorrer sobre o tema, meu filho esta de dieta,  melhor me colocar na posição de uma mãe.  Ver a situação com outros olhos e encarar a dificuldade pra discutir a relação entre pais, filhos e a comida. Comecemos assim, nesta historia sou a mãe, Vitor é meu filho acima do peso, e ainda temos seu pai e um pediatra.